ANÁLISE JUNGUIANA

A análise junguiana é um relacionamento dialético de longo prazo entre duas pessoas, ANALISTA E PACIENTE, e é dirigida para uma investigação do INCONSCIENTE do paciente, seus conteúdos e processos, a fim de aliviar uma condição psíquica sentida como não mais tolerável por causa das interferências que tem na vida consciente.
O distúrbio pode ser neurótico no caráter ou uma manifestação de uma tendência psicótica mais intensa . Embora tenha como ponto de partida o distúrbio, a prática da análise junguiana pode envolver experiências de individuação, quer com crianças e jovens, quer com pessoas na segunda metade da vida, mas essas experiências podem ou não ser conectadas, de modo a se poder dizer que um processo de INDIVIDUAÇÃO ocorre. Fazendo distinção entre análise e PSICOTERAPIA, analistas clínicos fizeram uma diferenciação entre as duas com base em intensidade, profundidade, freqüência de sessões e duração do trabalho, conjugados a uma avaliação realista das capacidades e limitações psicológicas do paciente.
 
Entre suas próprias definições Jung não incluiu a de análise, porém seu modelo metodológico original era a PSICANÁLISE. Após a ruptura com Freud, em 1913, Jung introduziu mudanças significativas nessa estrutura, mudanças compatíveis com sua própria experiência e formulação de conceitos. Seu ponto de vista pessoal dava colorido próprio a seu uso da técnica (por exemplo, sua preferência pela conversação conduzida tête-à-tête). Quando, mais tarde, os analistas junguianos se desviaram de suas práticas, tiveram de reformular idéias para apoiar seus próprios procedimentos (ver PSICOLOGIA ANALÍTICA).
 
As divergências de Jung com as postulações da psicanálise podem ser resumidas como se segue:
1- Jung via muito do que acontece como um jogo de OPOSTOS e a partir dessa perspectiva derivava sua reflexão sobre a ENERGIA PSÍQUICA. Isso levava à sua insistência em um método analítico que ele chamava de “sintético”, uma vez que, eventualmente, resultava em uma síntese de princípios psicológicos em oposição ;
 
2- Embora não tivesse a pretensão de duvidar de que os instintos motivavam a vida psíquica, via-os continuamente “colidindo” com uma outra coisa que, à falta de um termo melhor, chamou de “espírito”. Identificava o ESPÍRITO como uma força arquetípica encontrada na pessoa sob a forma de imagens. Em conseqüência, a análise junguiana envolve trabalho com imagens arquetípicas;
 
3- Por opção própria, Jung preferia “observar um homem à luz daquilo que nele é saudável e bom, mais que à luz de seus defeitos” . Isso implica em sua adoção de um PONTO DE VISTA PROSPECTIVO ou TELEOLÓGICO na análise;
 
4- Com relação à RELIGIÃO, sua atitude era positiva. Enquanto isso necessariamente não leva a uma ênfase sobre a própria religião, dá-se atenção às exigências do SELF, como também às exigências do EGO e fica implícito admitir que a experiência da análise está intimamente ligada à descoberta do SIGNIFICADO.
 
Além dessas diferenças mostradas pelo próprio Jung, Henderson (1982) observou a confiança de Jung na MITOLOGIA e em padrões universais relacionados com o mito, sua apresentação de um procedimento dialético em contraste com o modelo da “análise de sistema fechado” de Freud, uma hipótese sobre a REGRESSÃO que não é posta apenas a serviço do ego, mas pode também considerar-se a serviço do self, um método antes de tudo simbólico que coloca a pessoa em conexão com fontes arquetípicas de imagens por meio da AMPLIFICAÇÃO e uma análise de fenômenos de transferência/contratransferência por meio do método simbólico.
Escrevendo em 1929, Jung identificou quatro aspectos da análise considerados por ele “estágios” do tratamento analítico. Lambert (1981) e M. Stein (1982) apontaram que os quatro estágios não são necessariamente seqüenciais, porém caracterizam vários aspectos do trabalho analítico.
 
O primeiro dos quatro estágios é a catarse ou purificação . Jung falava disso como a aplicação científica de uma antiga prática, ou seja, a confissão, e a ligava a ritos e práticas de INICIAÇÃO. Aliviar o self de alguém abrindo-se para um outro ser humano provoca ruptura de defesas pessoais e do isolamento neurótico; daí a preparação do caminho para um novo estágio de crescimento e um diferente status.
 
Jung identificava o segundo estágio como a elucidação. Aqui são revelados elos com processos inconscientes e uma conscientização disso efetua uma acentuada mudança de atitude, envolvendo o indivíduo no SACRIFÍCIO da supremacia de seu intelecto consciente.
 
O terceiro estágio é a educação ou uma “instigação” do paciente em resposta a novas possibilidades, semelhante à idéia psicanalítica da elaboração – o processo muitas vezes prolongado da INTEGRAÇÃO.
 
O quarto estágio é o da TRANSFORMAÇÃO. Não se deveria porém cogitar da transformação como ligada somente ao paciente. O analista também deve mudar ou transformar suas atitudes, a fim de ser capaz de uma interação com seu paciente em mutação.
 

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